Fintech verde que financia práticas sustentáveis em cadeias de fornecedores chega ao país

Sócios-fundadores da arara.io. Da esquerda para a direita: Felipe Gutterres, Sudhi Mukherjee e Ram Mahidhara Foto: Divulgação/Vinicius Dalla Rosa da Silva

Arara.io faz avaliação ESG e conecta fornecedores a financiadores

RIO – A preocupação com a emergência climática tem levado cada vez mais empresas brasileiras a se comprometerem com a agenda ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), mas alçar planos viáveis na redução de danos ambientais não é tarefa simples.

Felipe Gutterres, cofundador e CEO da Arara.io Foto: Divulgação/Karin Schaly

É nesse contexto que chega ao país a Arara.io, “fintech verde” e pioneira no Brasil, que trabalha com avaliação ESG da cadeia de suprimentos e financiamento a fornecedores que seguem as melhores práticas.

Com escritórios em Miami e Washington, nos Estados Unidos, a companhia aterrissou no Rio há três semanas e investiu mais de R$ 11 milhões para iniciar operações por aqui.

Financiamento ESG

Criada a partir da experiência executiva de três sócios, os indianos Ram Mahidhara e Sudhi Mukherjee e o brasileiro Felipe Gutterres, a start-up americana conecta empresas-âncora — geralmente aquelas com faturamento acima de R$ 300 milhões e robusta cadeia de suprimentos — a fornecedores sustentáveis e financiadores.

Para isso, a Arara.io desenvolveu um sistema de avaliação das empresas- âncora e de seus fornecedores a partir de uma taxonomia (classificação e organização de informações) própria, baseada em diferentes abordagens internacionais, incluindo o Sustainability Accounting Standards Board (Sasb).

A partir de tecnologia e dados, a Arara.io gera um ranqueamento de fornecedores, que saem capacitados para melhorar suas práticas ESG a fim de buscar créditos diferenciados junto a financiadores, ou seja, instituições financeiras em geral que tenham interesse em oferecer recursos com propósitos alinhados às questões ESG.

Gutterres, cofundador e CEO da Arara.io, destaca que o gargalo nas cadeias de suprimentos durante a pandemia tornou mais evidente a relevância dos fornecedores para a longevidade das empresas e seus modelos de negócio.

Ele avalia ainda que o mercado brasileiro tem potencial para alavancar a agenda ESG, dado que o país é a oitava economia do mundo, o maior da América Latina e conta com um mercado financeiro bem desenvolvido.

Por outro lado, porém, lembra que há um gap de financiamento para as pequenas e médias empresas no país, estimado em cerca de US$ 100 bilhões, segundo dados do Banco Mundial.

— Como engajar fornecedores e trazer ESG para as pequenas e médias empresas? Entendemos que o incentivo para uma evolução na sustentabilidade passa também pela questão financeira. Vemos no financiamento a melhor forma de evolução da agenda ESG, trazendo liquidez também para pequenas e médias empresas — explica Gutterres.

Meta de $3 bilhões

Os planos da start-up para o país são bem definidos. O objetivo é movimentar R$ 3 bilhões na plataforma já no primeiro ano e multiplicar esse montante por dez até o fim do terceiro ano de operação no Brasil.

Gutterres conta que a start-up tem conversado com players de diferentes setores e que está na fase de receber empresas-âncora e financiadores na plataforma. Mas há muito a ser prospectado:

— Você tem desafios em infraestrutura (incluindo saneamento, logística, telecomunicações, agronegócio, energia). E tem desafios no varejo. A gente vem conversando com algumas indústrias. Esses são nossos objetivos e focos.

 


 

Por Carolina Nalin em 25/02/2022

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/negocios/fintech-verde-que-financia-praticas-sustentaveis-em-cadeias-de-fornecedores-chega-ao-pais-25408816

 

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