O cumprimento das metas ESG depende da parceria com fornecedores

Seminário internacional discute inclusão da cadeia de suprimentos na agenda de sustentabilidade e marca lançamento da arara.io, primeira fintech verde de financiamento de supply chain

A preocupação com o meio ambiente e com condições mais justas e seguras de trabalho deixou de ser uma escolha individual de cada empresa. Diante das emergências do planeta, a sustentabilidade é uma decisão estratégica e de sobrevivência dos negócios. Esse cenário vale para todo o setor produtivo. Quanto mais uma grande companhia trabalha em parceria com seus fornecedores, mais próxima estará da cultura de ESG (sigla em inglês para ambiente, social e governança).

A importância de uma ação integrada da iniciativa privada para avançar na redução do aquecimento global e das desigualdades foi o tema do seminário “Sustentabilidade na cadeia de suprimentos”, organizado pelo jornal Valor Econômico e que marcou o lançamento da arara.io, primeira fintech verde que combina financiamento com avaliação ESG na cadeia de suprimentos, na última quinta-feira, dia 3.

O encontro digital reuniu os três cofundadores da arara.io — Felipe Gutterres, Ram Mahidhara e Sudhi Mukherjee —, os diretores de Sustentabilidade da L’Oréal, Maya Colombani, e da Nestlé, Fabio Spinelli, e o diretor de Suprimentos e Logística da Suzano, Wellington Giacomin, com mediação do jornalista Ascânio Seleme, colunista do jornal O Globo.

“Vemos a emergência climática todos os dias. O papel das corporações é extremamente importante nessa virada, não tem como pensarem em ESG sem incluírem suas cadeias de suprimentos. Ou o conceito de sustentabilidade não fi ca de pé”, afirmou Gutterres, CEO da arara.io.

Maya Colombani citou iniciativas já em prática da L’Oréal, em parceria com os fornecedores, como aumento de produtos naturais nos cosméticos e garantia de salário digno. “As empresas têm o papel de serem catalisadoras de mudança, de colocarem as pautas climáticas no centro de seu negócio, mas também no centro de discussão”, defendeu Maya.

Lucro em foco

Diretor de Operações da arara.io, Ram Mahidhara destacou que entre 70% e 90% dos riscos climáticos e ESG estão na cadeia de suprimentos. Os debatedores concordaram que preocupação social e ambiental e lucro não são excludentes.

“Sustentabilidade e lucratividade é uma falsa dicotomia. Quando falamos de meio ambiente, social e governança, não é só querer fazer bem para o mundo, é uma questão de risco para o negócio”, alertou Mahidhara.

Na Nestlé, 80% da emissão de gases de efeito estufa vem das cadeias primárias, segundo o diretor de Sustentabilidade da empresa.

“Entendemos que é um trabalho coletivo e que envolve a nossa cadeia de suprimentos, desde a produção de matérias-primas, mesmo que não sejam fornecedores diretos, até o produto chegar aos consumidores e o descarte pós-consumo”, afirmou Fabio Spinelli.

Entre as ações da empresa está, em parceria com a Embrapa, a criação do primeiro protocolo nacional de produção de leite de baixo carbono.

“Há muitas métricas usadas para o desempenho das companhias em relação ao clima, ao aquecimento global ou a outros aspectos. O ESG tem sido uma jornada, alguns estão mais avançados, outros estão correndo atrás, é difícil comparar um país com outro, por causa do contexto em que cada sociedade está inserida”, disse Sudhi Mukherjee, diretor de Tecnologia e de Sustentabilidade da arara.io.

O diretor de Suprimentos e Logística da Suzano chamou atenção para a importância de a sustentabilidade estar presente em todas as áreas.

“Sustentabilidade é parte inerente do nosso negócio. A preocupação com as próximas gerações está cada vez mais inserida em nossos fornecedores, clientes e acionistas”, encerrou o executivo da Suzano.

O jornalista e mediador do seminário Ascânio Seleme destacou a profundidade das questões levantadas no evento: “Foi um debate muito proveitoso para nós, como consumidores, para financiadores e para empresários, com respostas muito contundentes”.

METODOLOGIA GERA RANQUEAMENTO DE EMPRESAS

Taxonomia proprietária pretende ajudar grandes e pequenos negócios a evoluírem nas metas de ESG

Muitas empresas estão envolvidas no esforço global de redução dos danos ambientais, mas ainda não sabem como dar um passo adiante na agenda ESG e precisam de ajuda para monitorar o desempenho sustentável da cadeia de suprimentos, avaliar e mitigar riscos. É nesse contexto que chega ao Brasil a arara.io, primeira fintech de financiamento verde da cadeia de suprimentos do país. Com tecnologia e dados, a arara.io é capaz de analisar e fazer um ranking dos fornecedores sustentáveis e conectá-los a financiadores verdes.

“O processo de avaliação de fornecedores, de análise da cadeia de suprimentos, envolve uma série de abordagens, como definir de que maneira você vai medir e incentivar os fornecedores a evoluírem dentro dessa jornada de ESG. O que a gente faz é facilitar isso, combinando advisory, ranqueamento, análise de cadeia de suprimentos, financiamentos e taxonomia (classificação e organização de informações) proprietária de ESG. Nosso objetivo é democratizar esse processo. Ele anda muito se for fácil, tecnologicamente avançado e pouco custoso. Na hora em que o fornecedor entende que ele tem um incentivo não só de ser melhor fornecedor, mas também de conseguir liquidez, é um combustível importante para o processo de descarbonização andar”, afirma Gutterres.

Com larga experiência como executivo de infraestrutura, logística e óleo e gás, Gutterres associou-se a dois profissionais indianos que conhece de longa data. Ram Mahidhara é líder sênior em infraestrutura de mercados emergentes, com experiência de mais de 20 anos no IFC/Banco Mundial em mais de 30 países, com foco em investimentos e gestão de ativos na ordem de US$ 4 bilhões. Já Sudhi Mukherjee é especialista em desenvolvimento e implementação de estruturas de sustentabilidade e foi especialista sênior global de ESG no IFC/Banco Mundial, onde trabalhou por mais de 20 anos, com experiência em mais de 60 países.

“Empresas como L’Oréal, Nestlé e Suzano estão no topo de suas habilidades. Há empresas no Brasil e em outros lugares que não têm essa profundidade e capacidade de lidar com a agenda ESG. Esperamos poder ajudá-las de forma rápida e eficiente para identificar quais são os riscos da cadeia de suprimentos usando uma nova taxonomia proprietária e benchmarks globais”, explica Mahidhara.

A certificação de fornecedores sustentáveis, a partir da análise de dados e monitoramento de desempenho, também está entre as atividades da plataforma.

“A coleta de dados sociais e ambientais nos últimos dez anos cresceu muito, mas a análise de dados às vezes tem uma qualidade duvidosa. Procuramos assegurar a qualidade e a significância dos dados. Verificamos as carências das cadeias de suprimentos e queremos trazer mais tecnologia, nosso conhecimento e nossa capacidade para rapidamente analisar os riscos da cadeia de suprimentos e colocar as medidas corretas nos locais corretos”, conclui Mukherjee.

 


 

Por arara.io em 07/02/2022 10h16

Fonte: https://valor.globo.com/patrocinado/araraio/noticia/2022/02/07/cumprimento-de-metas-esg-depende-de-parceria-com-fornecedores.ghtml

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